Resumo:Este artigo analisa os fatores que influenciaram a cotação do ouro hoje, com base em relatórios de mercado e análises técnicas.

O ouro alcançou uma máxima de quase um mês nesta segunda-feira, 2 de junho de 2025, com a cotação do spot gold subindo 2,6% para US$ 3.377 por onça às 11h (horário do leste dos EUA), conforme dados do mercado. Os futuros de ouro nos EUA também registraram alta de 2,6%, negociados acima de US$ 3.400 por onça em Nova York. O avanço do metal precioso foi impulsionado por uma combinação de tensões geopolíticas, incertezas econômicas e um dólar americano mais fraco, que reforçaram a demanda por ativos de refúgio seguro. Este artigo analisa os fatores que influenciaram a cotação do ouro hoje, com base em relatórios de mercado e análises técnicas.
Fatores que Impulsionaram a Cotação do Ouro
A valorização do ouro reflete um cenário global de aversão ao risco, desencadeado por múltiplos fatores. O principal catalisador foi o aumento das tensões comerciais entre EUA e China, após o presidente Donald Trump anunciar, na sexta-feira, 30 de maio, planos para dobrar as tarifas sobre importações de aço e alumínio de 25% para 50%, a partir de quarta-feira, 4 de junho. Trump também acusou a China de violar um recente acordo de trégua comercial, o que gerou uma resposta contundente de Pequim, que negou as alegações e prometeu retaliar. Essas incertezas reacenderam temores de uma guerra comercial e seus impactos na economia global, como inflação e desaceleração do crescimento.
Além disso, tensões geopolíticas intensificaram a busca por ativos seguros. No fim de semana, a Ucrânia realizou ataques com drones em bases aéreas russas, aumentando as tensões antes das negociações de paz marcadas para Istambul. No Oriente Médio, a volatilidade persiste, apesar de sinais de progresso em negociações de cessar-fogo. Segundo Peter Grant, vice-presidente da Zanier Metals, “as recentes ameaças tarifárias, combinadas com os ataques da Ucrânia na Rússia, elevaram os riscos geopolíticos e alimentaram um sentimento de aversão ao risco”.
O dólar americano caiu cerca de 0,6% frente a uma cesta de moedas, tornando o ouro mais acessível para investidores que utilizam outras divisas. Essa desvalorização do dólar foi agravada por preocupações com a saúde fiscal dos EUA, incluindo o aumento da dívida pública e a possibilidade de um novo impasse no teto da dívida. Fawad Razaqzada, analista da City Index, destacou que “o pano de fundo de aversão ao risco e incerteza fiscal não poderia ser mais favorável para o ouro”.
No cenário doméstico americano, dados econômicos fracos também contribuíram para a alta do ouro. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor industrial, divulgado pelo ISM, caiu para 48,5 em maio, indicando contração pelo terceiro mês consecutivo e ficando abaixo das expectativas de 49,5. O subíndice de importações despencou para 39,9, o menor nível desde 2009, reforçando preocupações com o crescimento econômico.
Desempenho do Ouro no Mercado
O spot gold abriu o pregão a US$ 3.323 por onça, uma alta de 1% em relação ao fechamento de sexta-feira, que foi de US$ 3.288,90. Durante o dia, o preço atingiu US$ 3.377, o maior nível desde a primeira semana de maio. Os futuros de ouro (GC=F) acompanharam a tendência, negociados acima de US$ 3.397,20 no fim da sessão. Comparado ao início de maio, quando o ouro estava em US$ 3.239,90, o preço subiu 2,6% no último mês. Em um ano, o ganho acumulado é impressionante, com alta de 43% desde os US$ 2.322,60 registrados em 3 de junho de 2024.
A prata, considerada a “irmã” do ouro, também teve forte desempenho, subindo 4,7% para US$ 34,54 por onça, o maior nível em mais de sete meses, impulsionada pela mesma demanda por ativos de refúgio seguro.
Análise Técnica e Perspectivas
De acordo com analistas da FXStreet, o ouro (XAU/USD) retomou sua tendência de alta, após completar um movimento corretivo na semana anterior. A queda do dólar e as incertezas comerciais e fiscais impulsionaram o metal, que testa a resistência em US$ 3.365. Uma confirmação acima desse nível pode abrir caminho para US$ 3.415, com a máxima de maio em US$ 3.440 como próximo alvo. No lado negativo, os suportes estão em US$ 3.285 e US$ 3.345.
No gráfico diário, o ouro mantém-se acima da média móvel simples (SMA) de 20 dias em US$ 3.296, com indicadores técnicos apontando para um impulso positivo. No gráfico de 4 horas, o preço está bem posicionado acima de todas as médias móveis, embora os indicadores mostrem sinais de consolidação antes de novos avanços.
Fatores a Observar na Semana
A semana de 2 de junho será crucial para o mercado de ouro, com eventos econômicos e políticos que podem influenciar sua trajetória:
- Comentários do Federal Reserve: Investidores aguardam declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, e outros formuladores de política monetária para pistas sobre a trajetória das taxas de juros nos EUA. O ouro tende a se beneficiar em ambientes de juros baixos, pois não oferece rendimentos.
- Relatório de Emprego dos EUA (Payroll): Programado para sexta-feira, 6 de junho, o relatório pode impactar o dólar e, consequentemente, o ouro. Um dado fraco pode reforçar a demanda por ativos seguros.
- Decisões de Bancos Centrais: O Banco do Canadá (BoC) e o Banco Central Europeu (BCE) anunciarão suas políticas monetárias. Um corte de juros pelo BCE é amplamente esperado, o que pode enfraquecer o euro e beneficiar o ouro.
- Desenvolvimentos Geopolíticos: As negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e os desdobramentos das tensões EUA-China, incluindo uma possível ligação entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, serão monitorados de perto.
Por que Investir em Ouro?
O ouro é amplamente reconhecido como um ativo de refúgio seguro, com características que o tornam atraente em tempos de incerteza:
- Diversificação: O ouro apresenta baixa correlação com ações e títulos, ajudando a estabilizar portfólios durante crises.
- Proteção contra Inflação: Em cenários de aumento de preços, como o temido estagflação (inflação com baixo crescimento), o ouro preserva o poder de compra.
- Reserva de Valor: Sua aceitação global e valor intrínseco o tornam uma proteção contra colapsos econômicos ou desvalorização de moedas.
Scott Travers, autor de The Coin Collector's Survival Manual, recomenda que “todos comprem um pouco de ouro como proteção contra calamidades”, comparando-o a uma “apólice de seguro”. Para investir, os passos incluem definir metas, alocar uma porcentagem do portfólio, escolher a forma (física, ETFs ou ações de mineradoras) e considerar o horizonte de investimento.
Perspectivas para o Ouro
Analistas seguem otimistas com o ouro. A Goldman Sachs projeta que o metal alcance US$ 3.700 por onça até o final de 2025, um aumento de 40% em relação ao preço de abertura em janeiro (US$ 2.633). Esse otimismo é sustentado pela demanda de bancos centrais, incertezas relacionadas às políticas tarifárias de Trump e temores de instabilidade econômica global.
No curto prazo, o ouro pode enfrentar volatilidade devido a eventos econômicos e decisões de política monetária. No entanto, o cenário de tensões comerciais, conflitos geopolíticos e dólar enfraquecido sugere que o metal continuará a atrair investidores. “O ouro está se beneficiando de um ambiente de risco elevado e incerteza fiscal”, afirmou Fawad Razaqzada, reforçando a visão de que o metal está bem posicionado para novas altas.
Conclusão
A cotação do ouro hoje, 2 de junho de 2025, reflete um mercado dominado por incertezas globais. Com o spot gold a US$ 3.377 e os futuros acima de US$ 3.400, o metal precioso consolida sua posição como um ativo de refúgio seguro em meio às ameaças tarifárias de Donald Trump, tensões entre EUA e China, conflitos na Ucrânia e preocupações fiscais nos EUA. A queda do dólar e dados econômicos fracos reforçam a demanda por ouro, enquanto eventos como o Payroll e decisões de bancos centrais podem definir os próximos movimentos. Para investidores, o ouro permanece uma ferramenta essencial para diversificação e proteção contra inflação, com perspectivas de alta no horizonte.
Palavras-chave: Cotação do Ouro, Ouro Hoje, XAU/USD, Ativos de Refúgio Seguro, Tensões Geopolíticas, Guerra Comercial, Dólar Americano, Inflação, Tarifas Trump, Banco Central.
